RETRATO
Com moldura
dourada
num prego
pendurado na sala,
a me vigiar.
Por onde eu
estiver andando,
eles estão
sempre me olhando.
Olhar parado, me
observando.
Seus semblantes
tão calmos,
sem ironia no
olhar.
Mostrando apenas
que onde estão,
para este mundo, jamais voltarão.
E esta saudade
me faz lembrar
de como estar
com eles, era bom!
Papai e mamãe;
meu avô.
Minhas irmãs e
meu irmão.
Todos me
olhando,
naquela moldura
dourada.
Cada olhar no
seu jeito:
Bondoso,
carinhoso, brincalhão,
e dando risadas.
E eu aqui, nesta
casa vazia, tão só.
Olhando pra
eles, vendo a vida passar.
Sabendo que não
vão mais voltar...
E esta tristeza
que eu sinto,
quando na sala
eu entro
e vejo todos com
ares distintos.
Lembro-me quando
criança.
Meu pai me dava conselhos.
Minha mãe me
dava carinho,
meu avô me dava
presentes.
Meu irmão,
chamando eu,
de “tiquinho!
E minhas irmãs,
sempre rindo, contentes.
Brincávamos de
pega-pega;
Minha irmã do
meio, já era mocinha.
Eu vivia atrás
dela;
aonde ela ia, eu
também ia.
¬ “Segura vela”; ela me dizia,
e eu, brigava
com ela.
Meu irmão tocava
violão.
Cantava músicas
do “Celestino”.
Vestia-se de
palhaço
e dava
cambalhotas.
O circo era o
seu destino!
Essas molduras
na parede.
Esses retratos
de minha gente
me faz ficar tão
carente.
Com uma vontade
doida de voltar
pra aqueles
tempos de outrora,
quando eu vivia
feliz, sem saber,
que um dia, eles
iriam embora!!!
Odila Placência - Barueri – SP