segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014



RETRATO

Com moldura dourada
num prego pendurado na sala,
a me vigiar.
Por onde eu estiver andando,
eles estão sempre me olhando.
Olhar parado, me observando.

Seus semblantes tão calmos,
sem ironia no olhar.
Mostrando apenas que onde estão,
 para este mundo, jamais voltarão.

E esta saudade me faz lembrar
de como estar com eles, era bom!
Papai e mamãe; meu avô.
Minhas irmãs e meu irmão.

Todos me olhando,
naquela moldura dourada.
Cada olhar no seu jeito:
Bondoso, carinhoso, brincalhão,
e dando risadas.

E eu aqui, nesta casa vazia, tão só.
Olhando pra eles, vendo a vida passar.
Sabendo que não vão mais voltar...

E esta tristeza que eu sinto,
quando na sala eu entro
e vejo todos com ares distintos.

Lembro-me quando criança.
Meu pai me dava conselhos.
Minha mãe me dava carinho,
meu avô me dava presentes.

Meu irmão, chamando eu,
 de “tiquinho!
E minhas irmãs,
sempre rindo, contentes.

Brincávamos de pega-pega;
Minha irmã do meio, já era mocinha.
Eu vivia atrás dela;
aonde ela ia, eu também ia.
¬ “Segura vela”; ela me dizia,
e eu, brigava com ela.

Meu irmão tocava violão.
Cantava músicas do “Celestino”.
Vestia-se de palhaço
e dava cambalhotas.
O circo era o seu destino!

Essas molduras na parede.
Esses retratos de minha gente
me faz ficar tão carente.

Com uma vontade doida de voltar
pra aqueles tempos de outrora,
quando eu vivia feliz, sem saber,
que um dia, eles iriam embora!!!
                                                          
Odila Placência - Barueri – SP

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