domingo, 16 de outubro de 2011

Crepúsculo



Na tarde fria do mês de agosto em seu primeiro dia,
contemplo da janela do meu quarto
o anúncio da chegada do crepúsculo!
Diante dessa mostra de fiapos avermelhado
que aparecem no céu e que no horizonte deslizam,
cobrindo os vestígios de um temporal antecipado,

vejo o viajar triste do rio com suas águas claras,
que transborda despejando pelo Vale sua agonia,
na tentativa de apagar a triste lembrança,
do canto de lamento dos pássaros migrantes,
que voam pela encosta, na tarde que morria.

Apesar do temporal que devagar se esvai,
deixando um vento seco arreliando os galhos
da quaresmeira, com flores em aquarela,
balançando ao sabor da morna brisa,
que pela tarde se finda numa calma singela.

Agora tudo parece sereno, tão quieto, ameno...
Os pássaros ainda mostram seu canto!
Mas não podem perceber a beleza que eu via
quando o sol com todo o seu encanto
brilhava por entre as flores de laranjeiras,
e se esparramava pelo chão,
inundando de alegria, numa linda perfeição.

Esta quietude agora me acalma.
O rio no seu viajar tranquilo com suas águas claras.
O sol tão brando traz ainda o seu brilho
e vai se escondendo por traz da serra,
permitindo o desabrochar do crepúsculo
que pelo céu se anuncia.
Nuvens cinza cobrem o Vale, numa arrojada magia!

A noite chega. Este silêncio em meu quarto
me traz ainda o perfume das flores
que vem do mato, em aquarela!
Sinto-me adormecer ouvindo o cantar
dos pássaros cantores. E eu, fecho a janela.


Odila Placência
Barueri / SP – 01/08/2011


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